Ecoando o amor além fronteiras

1 Dia da Novena de Natal

O ANJO ANUNCIA A MARIA (Lucas 1, 26-38)

TODOS. – Senhor, nosso Deus, concedei-nos a vossa graça para que, auxiliados pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, possamos preparar-nos dignamente para acolher, com a alma pura e o coração generoso e sincero, a vinda do vosso Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

LEITOR 1. – O Natal começou no coração da Virgem Maria. Hoje, neste primeiro dia da preparação para o Natal, depois de nos lembrarmos de que estamos na presença de Deus – que sorri para nós e nos quer falar ao coração –, ficaremos olhando atentamente

(com os olhos ou com a imaginação) para a figura de Nossa Senhora, que está no Presépio, tão bela!, e procuraremos ver o seu coração, que é o lugar onde o Natal amanheceu e a Redenção começou a despontar.

LEITOR 2. – Eu acho que será muito bom termos presente, nestes dias, que a Novena é, acima de tudo, um tempo diário de recolhimento, de meditação, de oração... O Natal foi anunciado com uma grande luz – a que refulgiu na noite do Nascimento de Jesus, envolvendo os pastores –, e creio que todos desejamos que, neste ano, a luz do Natal também nos ilumine com fulgores novos, até mesmo surpreendentes, que nos envolva no seu resplendor e fique como calor de vida nova dentro do nosso coração.

TODOS – Senhor, nós desejamos e pedimos isso. Queremos que, neste ano, o Natal deixe nos nossos corações uma luz nova de fé e um novo calor de esperança e de amor: de amor a Jesus Cristo e aos nossos irmãos.

LEITOR 1. Pois bem. É com essa disposição que vamos dar início à nossa meditação. O Natal principiou – conta o Evangelho de São Lucas – quando o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia chamada Nazaré, a uma virgem desposada

com um homem chamado José, da casa de Davi, e o nome da Virgem era Maria. E continua dizendo que, ao entrar em casa dela, o anjo disse-lhe: Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo!...

LEITOR 3. – Imaginam o que deve ter sentido Nossa Senhora?

LEITOR 1. – A Virgem Maria era tão humilde, que o elogio do Anjo a deixou perturbada. Deve ter corado: Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. Mas o mensageiro de Deus apressou-se a tranqüilizá-la: Não tenhas receio, Maria, pois achaste graça diante de Deus. Hás de conceber no teu seio e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. Será grande e se chamará Filho do Altíssimo... e o seu Reino não terá fim.

LEITOR 2. – É impressionante ver como, após anunciar a Maria que ela fora escolhida por Deus como Mãe, para ser a Mãe de Deus, o Anjo ficou aguardando – com toda a delicadeza – que ela desse a resposta, esperou pelo seu livre consentimento. É

tocante verificar como Deus ama e respeita a liberdade, esse grande dom que Ele nos concedeu... Sem liberdade – repetia um grande santo –, não se pode amar.

TODOS: Senhor, fazei que compreendamos que a liberdade é boa e santa, quando a usamos para escolher a verdade e o bem, mesmo que isso nos custe grandes sacrifícios; e que, pelo contrário, ela se corrompe quando a usamos só para servir ao

nosso prazer, ao nosso interesse, ao nosso egoísmo.

LEITOR 1. – Ao anúncio do Anjo, Maria respondeu dizendo “sim”, um “sim” total a Deus: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. Mas antes de dizer sim, fez uma pergunta: Como se fará isso? Aqui temos duas palavras que, na boca e no coração de Maria, têm o brilho de uma estrela: a palavra COMO e a palavra SIM. Que acham se pensamos nelas com calma, e tentamos captar um pouco das luzes que podem trazer à nossa alma?

LEITOR 2. – Será ótimo. Na verdade, o anúncio do Anjo e a resposta de Maria entendem-se bem quando se sabe – como nós sabemos – que Maria tinha consagrado a Deus todo o seu ser: o corpo e a alma. O seu corpo era um templo puríssimo, reservado

virginalmente para Deus; e também a alma imaculada de Nossa Senhora estava entregue sem reservas nas mãos do seu Senhor.

TODOS. – A cheia de graça era toda de Deus! Quando Deus a contemplava, via-se a si mesmo refletido nela, como num espelho sem mancha e sem sombra. Que Maria nos ajude a ter uma alma pura, semelhante à dela.

LEITOR 1. – Sabendo da entrega virginal de Maria, compreendemos melhor que, quando o Anjo acabou de lhe comunicar que seria a Mãe do Filho do Altíssimo, ela perguntasse: Como se fará isso, se eu não conheço homem?

LEITOR 2. – É claro. Perguntou como por isso mesmo – porque era difícil entender que Deus a quisesse virgem e mãe ao mesmo tempo– ; mas eu acho que também perguntou por outro motivo, muito bonito e profundo: porque ela queria que fosse feita a vontade de Deus, e não a sua vontade..., e não entendia como poderia ser feita. O como da Virgem Maria significava precisamente: “Deus me pede isso. Eu não vejo a maneira de fazê-lo. Mas quero ver, quero mesmo, porque desejo abraçar com toda a minha alma a vontade do meu Deus. É por isso que pergunto”.

LEITOR 3. – O como de Maria foi uma pergunta de amor. E justamente isso nos faz lembrar, com tristeza, que essa mesma pergunta, essa mesma palavra – como – é pronunciada muitas vezes num sentido completamente contrário, como recusa ao amor.

LEITOR 2. – Infelizmente é assim. Muitos perguntam como só para tirar o corpo, para desculpar-se e omitir-se..., quando não querem dar ou dar-se, quando não querem amar.

TODOS.– Jesus, livrai-nos da covardia de fugir ao dever, de querer escapar das exigências difíceis e sacrificadas do amor.

LEITOR 2. – Dizia que muitos perguntam como só para tirar o corpo. É, por exemplo, o caso da pessoa a quem Deus pede que dedique um pouco mais de tempo à oração, à formação religiosa ou a colaborar com uma obra de serviço aos necessitados...; e ela responde: “Como?” Mas é um como que, no caso, significa: “Como é que posso fazer isso, se não tenho tempo e, sobretudo (deveria acrescentar, para ser sincera), não tenho vontade?” Outro exemplo: o caso da esposa que pede ao marido que converse mais com um dos filhos, o mais difícil, e ele se esquiva dizendo: “Como?” Um como que ele mesmo explica, quando acrescenta: “Mas como vou fazer isso, se já tentei, se o garoto não me escuta, se, além do mais, você já sabe que não tenho jeito para essas coisas...”

TODOS. – Maria, Mãe nossa, livrai-nos dessa desculpa de não ter tempo e de não ter jeito... Por causa dessa desculpa, muitas coisas boas ficam sem fazer, morrem antes de ter começado.

LEITOR 2. – Mas é claro que Maria nos ensina a maneira boa de perguntar como, que é a das almas generosas que acolhem com alegria tudo o que Deus lhes sugere, e igualmente as solicitações dos familiares, amigos, colegas, que precisam da sua ajuda.

Assim fez Maria. Seu coração estava ansioso por dizer sim, e como não compreendia, estava ansiosa para ver como o poderia concretizar...

LEITOR 3. – Eu gosto de ficar imaginando e meditando e repetindo o que se passava no coração de Maria: “Deus pediu-me e aceitou a oferenda do meu amor virginal. Agora me pede ser mãe. Eu o amo muito, e amo tudo o que Ele quiser. Ele sabe disso. E

Ele também me ama. Por isso vai ajudar-me... Eu sei que Deus nunca abandona as almas de boa vontade!”

LEITOR 1. – Foi isso que aconteceu. Deus não a deixou no escuro. O Anjo deu-lhe a resposta esclarecedora: O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo que vai nascer de ti se chamará Filho de Deus. Também a tua parente Isabel – acrescentou Gabriel – concebeu um filho na sua velhice e está já no sexto mês, ela a quem chamavam estéril, porque nada é impossível a Deus. E Maria respondeu: Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra. De todo o coração, repleta de alegria, Maria disse: Faça-se! Sim!

LEITOR 2. – Agora vemos melhor que, ao perguntar como, Maria fez um primeiro ato de amor. E, ao dizer sim, um segundo. Eu acho que, na nossa vida, o amor deverá seguir, muitas vezes, as etapas do amor de Maria. Com o coração bem disposto, teremos

que começar primeiro por procurar e descobrir, sinceramente, qual é o melhor modo de amar a Deus e aos outros; e logo a seguir – uma vez esclarecido isso – deveremos dizer sim. Um sim que será bem concreto e prático... Porque o amor, ou é concreto, ou é uma ilusão.

TODOS. – É verdade. O sim do amor verdadeiro é concreto e, além disso, é sem reservas, sem condições, sem limites.

LEITOR 2. – É tão fácil opor reservas ao amor de Deus e do próximo. Nós dizemos:“Farei isso que Deus me pede só «se eu gostar», «se eu tiver vontade», «se não for difícil»”... Maria não fez assim. Nós é que colocamos condições: “Vou dar isso a Deus, se Ele me conceder o que lhe peço” (fazemos comércio!); “Vou ser amável com os outros, lá em casa, se os outros forem amáveis comigo; se não, nada...”. Nós é que fixamos limites e marcamos prazos: “Vou ser fiel aos amigos, enquanto for agradável andar com eles”, “Vou à Missa, mas não sempre, nada de obrigações”, “Claro que pretendo ser fiel aos meus compromissos..., desde que não fiquem pesados”...

TODOS. – Santa Mãe nossa, nós vos pedimos que nos ajudeis a responder a tudo que Deus nos pedir com um “sim” total, sem restrições nem limites.

LEITOR 3. – Eu me comovo pensando como o sim de Maria foi puro. Quero dizer que foi total e para sempre. Ao longo da sua vida, manteve o mesmo brilho, a mesma força e a mesma alegria em todas as circunstâncias, nas fáceis e nas difíceis, nas felizes e nas

dolorosas. As dificuldades nunca anularam nem enfraqueceram esse seu sim, que ela manteve desde o dia da Anunciação até o final, até o momento em que, ao pé da Cruz, se uniu ao sacrifício redentor do seu Filho.

LEITOR 2. – Ela não era como nós, que facilmente, nas dificuldades, transformamos o sim em um não. Nas próprias dificuldades, ela via apelos de Deus, que a convidavam a dizer um sim ainda mais forte: a ser mais generosa do que antes, mais humilde, mais desprendida, mais caridosa, mais compreensiva... E tudo, com a plena confiança de que Deus – que a chamara – não deixaria de ajudá-la.

TODOS. – Ela nunca se cansou de dizer sim, nem mesmo quando lhe custou sangue. Foi para o Céu sorrindo, com o seu maravilhoso sim nos lábios e no coração...

LEITOR 2. – Esse foi o sim que uniu o Céu e a terra. No mesmo instante em que Nossa Senhora o pronunciou, o Verbo se fez carne – no seu seio puríssimo – e habitou entre nós. Deus se fez criança por nós. O Natal começou a existir.

LEITOR 1. – O coração de Maria mostrou-nos hoje uma grande luz. Acho que tudo se pode resumir numa belíssima palavra: fidelidade. Vamos guardar na nossa alma o exemplo da nossa Mãe Santíssima, vamos aprofundar nessa palavra – fidelidade – mais

preciosa do que o ouro, e – como fazia Maria – vamos meditá-la no nosso coração. Será este o nosso primeiro passo rumo ao Natal.

TODOS.– Senhor Deus, ao anúncio do Anjo, a Virgem imaculada acolheu o vosso Verbo inefável e, como habitação da divindade, foi inundada pela luz do Espírito Santo. Concedei que, seguindo o seu exemplo, abracemos humildemente a vossa vontade. Por

Cristo, nosso Senhor.


Por Pe. Francisco Faus



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