2º Domingo do Tempo comum (A)
15 de janeiro de 2017
Outro dia, eu recebi o telefonema de uma senhora que mora com os filhos nos Estados Unidos. Ela soube que seu ex-marido no Japão foi hospitalizado a causa de um câncer terminal, por isso ela veio ao Japão rapidamente. Ele recebeu o batismo antes do casamento e eles casaram na igreja católica, por isso, ela me pediu para levar o sacramento da unção dos enfermos ao seu marido.
Eu encontrei com a mulher no hospital e escutei a situação detalhada. Seu marido não gostava de trabalhar, por isso, era freqüente a briga do casal. Algumas vezes separavam depois voltavam, mas ela foi viver nos Estados Unidos com dois filhos. Depois um de seus filhos voltou no Japão e experimentou viver com pai, mas ele não conseguiu ter paciência e voltou para os Estados Unidos. Mas quando ela ouviu que seu marido estava com câncer terminal, eles vieram em seguida para o Japão, pois ela queria que seus filhos encontrassem com o pai ainda em condições de conversar.
Depois que a mulher o deixou em definitivo, parece que ele foi somente à missa de Natal e de Páscoa. Há muitos anos quando ele ficou sabendo do câncer, sem ter um amigo para conversar sobre a doença ele foi à Igreja, mas justo naquele dia o padre não estava. Então, ele deixou uma carta na igreja, mas a carta não foi tocada. Ouvindo a história dele eu senti que fisicamente ele ficou longe da igreja, mas ele deixou seu coração na igreja.
Quando eu conversei com seu marido, percebi que ele é uma pessoa simples. Possivelmente ele e a esposa tiveram que viver separados foi por várias razões. Mas agora passando o final do outono da sua vida, a alegria do encontro com a família deu-lhe uma aparência suave e senti um ambiente calmo.
No evangelho de hoje, ao ver Jesus, João Batista diz, “Eis o cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo.” Ele sentiu que Jesus não veio julgar o mundo pelo poder e a força, mas veio tirar o pecado do mundo de outra forma, não é?
Jesus entende que pecamos por causa de nossa fragilidade. Por isso, tirar o pecado do mundo não significa que nós humanos não vamos pecar mais. Mas, isto mostra-nos o poder para perdoar o pecado. A melhor figura para ilustrar isso, é a figura de Jesus crucificado que apesar de inocente, foi obediente e manso como um cordeiro até à morte de cruz. Há mais de dois mil anos, que Jesus crucificado carregou o pecado de um homem que sofre hoje pelo câncer em fase terminal. Jesus carregou os pecados de um homem que fracassou na vida familiar e não fez aos filhos o que um pai deve fazer.
Quando eu celebrei a cerimônia da unção dos enfermos, os dois filhos não conseguiram ler a oração dos fiéis, porque eles choraram. Segundo a mãe os filhos, não têem boas recordações do pai. Mas quando eles viram que o pai mudando muito, percebi que eles sentiram no coração o vínculo com o pai, que é o único no mundo.
Durante longo tempo, pai e filhos não se falaram com voz gentil, mas eu senti que o muro de gelo sem confiança entre pai e filhos se derreteu pela mensagem de Jesus crucificado perdoando os pecados da humanidade.
Amanhã, vamos celebrar a missa com esta família pela saúde do pai. Talvez esta, será a última missa com toda a família. Por favor, peço a todos que orem por esta família reconciliada
Pe. Megumi Fujita – Igreja de Kanuma e Mine – Tochigi-ken