Ecoando o amor além fronteiras

4 Dia da Novena de Natal

AS ALEGRIAS DE MARIA E ISABEL (Lucas 1, 41-55)

TODOS. – Senhor, nosso Deus, concedei-nos a vossa graça para que, auxiliados pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, possamos preparar-nos dignamente para acolher, com a alma pura e o coração generoso e sincero, a vinda do vosso Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

LEITOR 1. – Quarto dia da Novena. Pedindo a ajuda de Deus, vamos dar mais um passo rumo ao Natal. Hoje continuaremos a olhar com carinho a figura de Maria, transportando-nos de novo com a imaginação para a cena que ontem meditávamos, a da

Visitação de Maria a Isabel. Se ontem procuramos nessa cena uma lição de amor, hoje podemos buscar nela uma lição de alegria e de humildade.

LEITOR 3. – É bonito ver que o Evangelho apresenta a visita de Nossa Senhora a Santa Isabel como uma explosão de alegria: foi a alegria de Deus, unida à alegria das duas futuras mães e à alegria dos filhos que ambas traziam no seio! Todos exultaram de alegria!

TODOS. – Isto é um anúncio das alegrias divinas, profundas, que o Natal vai nos ensinar a encontrar...

LEITOR 1. – O Evangelho diz assim: Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, o menino (o futuro São João Batista) saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então Isabel olhou, encantada, para Maria – como fazemos também nós,

que somos seus filhos –, e exclamou em voz alta: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E de onde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor? Pois logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio.

LEITOR 2. – Acho que há aí uma luz que não podemos perder, uma bela reflexão a ser feita. Vejam. Isabel ficou cheia do Espírito Santo, diz o Evangelho. E, com isso, mostra que a fonte dessa grande alegria do menino e da mãe foi o Espírito Santo. Movidos pela graça do Espírito Santo, Isabel e o seu filhinho estremeceram de alegria – João, aos pulos! –, como acabamos de ouvir. E por que houve essa efusão do Espírito Santo? Porque ali estava Maria e ela trazia consigo Jesus. Esta é a luz que eu achava interessante salientar: foi pela presença de Cristo, trazido por Maria, que o Espírito Santo veio àquelas almas e derramou nelas as alegrias de Deus.

TODOS. – É verdade! Sempre que ficamos perto de Maria, nossa Mãe, ficamos também perto de Jesus e, então, nosso Senhor nos dá a sua graça, que é a graça do Espírito Santo. E, com ela, vem a alegria.

LEITOR 3. – Parece-me que todos nos lembramos de que, quando São Paulo enumera os frutos do Espírito Santo, depois de falar do primeiro, que é o amor, menciona a seguir a alegria e a paz. Amor, alegria e paz: três sinais maravilhosos da presença de Deus.

LEITOR 2. – Na verdade, as únicas alegrias autênticas são as que vêm de Deus. Só quem está com Deus, como Maria, é capaz de tê-las e de transmiti-las. Aliás, o amor verdadeiro e a autêntica alegria sempre andam juntos. Por isso, um escritor famoso dizia – e

nem todos o entendem – que “a única tristeza é a tristeza de não sermos santos”.

LEITOR 1. – Mas a mais bela expressão de alegria, no dia da Visitação, foi a da própria Maria. Também ela se sentiu inundada pelo gozo do Espírito Santo, e extravasou-o num cântico, o Magnificat, que é uma das orações mais sublimes, um dos poemas mais

tocantes que jamais se entoaram em louvor de Deus. Lembram-se dele?

TODOS. – Como não? Ela disse: A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador, porque olhou para a pequenez da sua serva! Assim começou Maria o seu cântico...

LEITOR 1. – Vejam que, já no início, falando da alegria, disse uma palavra que brilha como uma luz fascinante: a palavra OLHOU! Maria proclama que está radiante de alegria, porque Deus olhou para ela... Não vale a pena meditar hoje sobre esse olhar...?

TODOS– Claro que vale a pena!

LEITOR 1.– A primeira coisa que eu diria é que Maria ficou exultando de alegria porque se julgava tão pouca coisa, tão pequena serva, tão pura pequenez, que achou fantástico Deus ter olhado para ela com predileção.

LEITOR 2. – E eu acrescentaria que Deus ama os corações humildes, e, pelo contrário, afasta o seu olhar dos orgulhosos... A Bíblia repete, pelo menos três vezes, esta frase: Deus resiste aos orgulhosos, e dá a sua graça aos humildes. Por isso Maria, que era

tão humilde, foi cheia de graça. E no cântico do Magnificat, inspirada pelo Espírito Santo, ela mesma disse que Deus desconcertou os corações dos soberbos; derrubou do trono os poderosos e exaltou os humildes.

LEITOR 3. – É uma pena um coração orgulhoso. O orgulho é o pecado que mais desgosto causa a Deus..., porque é o grande inimigo do amor. Sem humildade, não há amor. E, sem amor, não há alegria. Vejam se não é o orgulho (o amor-próprio ferido, o

ressentimento, a teimosia de não dar o braço a torcer, a arrogância de não querer dar ou pedir perdão...) a causa da maior parte das brigas e divisões nas famílias. Essas divisões que doem tanto e que se sentem ainda mais no tempo de Natal!

TODOS. – Que Deus nos livre desses males e encha de humildade o nosso coração!

LEITOR 1. – Lembrávamos, com palavras de Maria, que Deus exaltou os humildes... Esta frase, creio eu que nos leva a um segundo aspecto do olhar de Deus. Maria, no seu cântico, disse: Deus, meu Salvador, olhou para a pequenez da sua serva; e acrescentou:... realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo. Deus sempre faz coisas grandes com as pessoas que têm o coração humilde.

LEITOR 2. – Realmente, na vida dos homens e mulheres humildes de coração, Deus faz muitas maravilhas, que os orgulhosos, sozinhos (porque se isolam de Deus), não conseguem jamais alcançar. A pessoa humilde, por exemplo, recebe de Deus energias

espirituais novas, que a tornam capaz de vencer dificuldades antes invencíveis; a pessoa humilde recebe a graça de ver com a luz da fé coisas que antes eram totalmente obscuras; a pessoa humilde torna-se capaz de ter uma paciência, uma mansidão e uma compreensão incríveis, que antes julgava impossíveis de alcançar; a pessoa humilde, com a graça de Deus, vence todos os obstáculos...

LEITOR 3. – ... E, além disso, Deus escolhe os que são humildes como instrumentos para realizar coisas grandes em favor do próximo. Os melhores mestres – os que não só transmitem a ciência, mas formam homens e mulheres de verdade – são humildes; os bons pais – os que não só dão comida, saúde e estudo, mas ajudam os filhos a ser gente de valores e de virtudes – são pacientes e humildes; os bons colegas – os que caminham e avançam junto com os seus amigos – são compreensivos e humildes; os bons

voluntários, os autênticos servidores dos pobres..., todos são humildes.

TODOS. – Meu Deus! Ajudai-nos a arrancar da nossa alma o veneno do orgulho e a ter um coração humilde.

LEITOR 1. – Claro que a humildade que estamos considerando não é a falsa humildade da pessoa encolhida e sem caráter, que sofre porque se sente inferior, mas a humildade dos santos, a de Maria, que se vê a si mesma muito pequena aos olhos de Deus,

mas está feliz porque Deus é seu Pai e ela sua filha pequena, uma filha muito amada, que o Pai celeste contempla com infinita ternura.

LEITOR 2. – Infinita ternura... Isso que acaba de dizer acho que nos leva, como que pela mão, a um terceiro aspecto desse olhar de Deus que é fonte de alegria. É o seguinte: Deus, além de olhar para nós, olha por nós, ou seja, Deus cuida de nós. Uma das primeiras verdades que Cristo nos revelou foi esta: que Deus é Pai, que nos vê, que nos ama, que cuida de nós, mais do que cuida das aves do céu e das flores do campo, mais do que a mãe cuida do filho. Que, muitas vezes, quando mais nos ama é justamente naqueles momentos em que pensamos que se esqueceu de nós. Os santos sabem disso.

TODOS.– O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará... Ainda que atravesse o vale escuro, nada temerei, pois estais comigo... A vossa bondade e misericórdia hão de seguirme por todos os dias da minha vida...

LEITOR 1. – Essa alegria de viver sob o olhar amoroso do Pai, que inundava a alma de Maria, também fazia São Paulo vibrar de júbilo. Ele tinha um otimismo que não era banal, mas era confiança profunda, conseqüência da fé: Se Deus é por nós – dizia –, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, mas que por todos nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as coisas?

LEITOR 3. – Todas as coisas! Sem a mínima dúvida, ele falava de que Deus nos dará todas as coisas que trazem alegrias verdadeiras, alegrias eternas. Não só coisas boas que desejamos porque são agradáveis e favoráveis, mas também coisas dolorosas e adversas, que – por incrível que pareça – podem trazer-nos depois alegrias mais profundas e duradouras, se estivermos junto de Deus...

TODOS. – Nós podemos colher alegria tanto das flores como dos espinhos; depende do nosso amor a Deus e do nosso amor ao próximo...

LEITOR 2. – Não nos esqueçamos de que São Paulo resumia essa visão otimista, tão própria dos filhos de Deus, com uma frase que deveríamos trazer gravada no coração: Nós sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus. Se conseguíssemos entender isso, acreditar nisso, nada nos roubaria a paz!

LEITOR 1. – Realmente, há muito que pensar na cena que hoje meditamos. Creio que teremos aproveitado muito bem este quarto dia da Novena, se compreendermos um pouco melhor a importância de ser humildes. Porque Deus olha para os humildes, na terra

e no Céu – como diz a Bíblia e hoje nós estivemos recordando. Será que Deus pode olhar assim para nós? Peçamos a Maria, nossa Mãe, que nos ajude a imitá-la. Digamos-lhe: “Mãe, nós queremos ser humildes; queremos que Deus – ao olhar para nós – possa acharnos dignos da sua graça, dignos de receber as coisas grandes que preparou para nós, e dignos de possuir aquela feliz confiança dos filhos que se sabem muito amados e têm a certeza de que o Pai está encaminhando tudo, absolutamente tudo, para o seu bem”.

TODOS. – Cheguem à vossa presença, ó Deus, as nossas orações suplicantes, e, pela intercessão da gloriosa sempre Virgem Maria, possamos preparar-nos com coração humilde e confiante para celebrar o grande mistério da encarnação do vosso Filho, que

vive e reina para sempre.



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