Ecoando o amor além fronteiras

5 Dia da Novena de Natal

OS PASTORES (Lucas 2, 8-20)

TODOS. – Senhor, nosso Deus, concedei-nos a vossa graça para que, auxiliados pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, possamos preparar-nos dignamente para acolher, com a alma pura e o coração generoso e sincero, a vinda do vosso Filho, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

LEITOR 1. – Hoje vamos achar um bom tema de meditação olhando para os pastores, aqueles pastores que cuidavam dos rebanhos nos arredores de Belém, na noite em que Jesus nasceu. As suas figuras estão em todos os presépios, e são dignas de ser

contempladas, porque eles foram os primeiros a adorar o Deus Menino na noite de Natal.

LEITOR 2. – Parece-me que por alguma razão é que Deus lhes anunciou essa alegria em primeiro lugar, antes que a ninguém mais. Penso que é porque eram criaturas

SIMPLES, e Deus ama a simplicidade de coração.

TODOS. – Como é bom lembrar que Jesus disse, certa vez: Eu te dou graças, Pai, porque revelaste estas coisas – as grandezas do amor de Deus e da nossa Redenção – aos pequeninos, aos simples.

LEITOR 2. – Certo, certíssimo. Jesus ama a simplicidade, como estávamos dizendo. Mas essa virtude é como o arco-íris: tem cores diversas, todas bonitas. A mim, parece-me ver uma primeira cor nas palavras com que o Evangelho os apresenta: Havia nos arredores uns pastores que vigiavam e guardavam o seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. O que nos sugere isso?

LEITOR 1. – Vigiavam! Como gosta Jesus desta palavra! Felizes os servidores a quem o seu Senhor achar vigilantes! – diz. Vigiar é estar atento ao que se faz, ao que se deve fazer – porque é o dever que Deus nos pede –, sem cair em descuidos nem cochilos.

Vigiar é fazer as coisas bem feitas, com carinho, com capricho, colocando nelas a cabeça e o coração. Vigiar é fazer com amor o que Deus nos solicita em cada momento do dia, e apresentá-lo a Ele como uma oferenda perfeita.

LEITOR 3. – Com certeza, aqueles pastores gostavam do seu trabalho, trabalhavam com alegria. Conheciam as suas ovelhas uma a uma, pelo nome. Eram daqueles que as faziam repousar sobre pastos verdejantes, que procuravam as que estavam perdidas,

curavam as feridas, protegiam as doentes e ajudavam as fracas...

TODOS. – Como é belo amar o trabalho e trabalhar com amor, como um filho de Deus bem disposto!

LEITOR 3. – Sim. Como é bonito – por exemplo – ver esses rapazes e moças que trabalham de dia e estudam à noite. Muitos só conseguem dormir quatro ou cinco horas, mas não se queixam. Estão felizes porque podem estudar. E sonham com o futuro, e

pensam que, quando chegar, poderão ajudar outros rapazes e moças, pobres de dinheiro e ricos de esperança, a formar-se também. São bons e simples.

LEITOR 1. – Pois foi, de fato, a uns corações como esses que um anjo do Senhor anunciou, primeiramente, o Natal: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova, que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu, na cidade de Davi, um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Achareis um recém-nascido envolto em panos e posto numa manjedoura.

TODOS. – Como é tocante! Deus vem ao mundo pequenino. O Filho de Deus é simples. Maior simplicidade é impossível...

LEITOR 2. – Antes lembrávamos que há várias cores no arco-íris da simplicidade.

Vejamos mais algumas. Por exemplo, o Evangelho nos mostra que os pastores, essas almas simples, eram pessoas capazes de se admirar. A capacidade de admiração é uma das qualidades características dos corações simples.

LEITOR 1. – Tem toda a razão. Depois de receberem o anúncio do Natal, diz o Evangelho que os pastores foram correndo ver o recém-nascido: Vamos até Belém, e vejamos o que se realizou e que o Senhor nos manifestou – diziam. Foram com grande

pressa e acharam Maria e José, e o Menino deitado na manjedoura. Depois o adoraram, ofertaram-lhe o que tinham – pão, queijo, leite, um cordeirinho novo –, e voltaram glorificando e louvando a Deus, por tudo o que tinham ouvido e visto.

LEITOR 3. – Ficaram encantados com Jesus. Deus e eles entenderam-se perfeitamente bem. Os corações simples descobrem maravilhas, captam alegrias que os complicados ignoram e infelizmente perdem....

LEITOR 2. – Complicados são os egoístas, que desconfiam de tudo e tudo discutem. Os simples não são assim. Não têm o olhar enfastiado, nem o coração entediado, nem a mente desconfiada dos egoístas. Os simples são alegres, com alegrias singelas e 

profundas. Os egoístas e os orgulhosos são tristes e irritados, e vivem enjoados de todos e de tudo. É como se tivessem um véu nos olhos que os impedisse de ver as maravilhas de Deus.

TODOS. – Que Deus nos livre do mal do orgulho, que fecha o coração, impede a alegria e estraga o amor.

LEITOR 1. – Eu acrescentaria ainda outra característica bonita dos corações simples. Eles sabem apoiar-se e animar-se uns aos outros, como os pastores, que mutuamente se incentivavam: Vamos até Belém!... Quando esses corações simples têm fé,

ficam felizes de ajudar, de animar os parentes e amigos, com toda a delicadeza, a se aproximarem de Deus. É outra cor do arco-íris. Mas ainda há mais. Acho que nos falta comentar a respeito dos pastores algo que é essencial...

LEITOR 2. – Refere-se à mensagem dos anjos, não é verdade?

LEITOR 1. – É, sim. Subitamente – diz o Evangelho –, ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: “Glória a Deus no mais alto dos céus e, na terra, paz aos homens de boa vontade!” Alegria no céu e paz na terra. Paz! Que

falta nos faz! É um dom que Jesus traz ao mundo: A paz vos deixo, a minha paz vos dou.

LEITOR 3. – E sem dúvida é um dom que significa muito mais do que tranqüilidade e falta de problemas.

LEITOR 2. – Com certeza, essa paz não é a tranqüilidade dos adormecidos, nem a dos desligados, nem a dos mortos. É outra coisa muito mais bonita e profunda.

LEITOR 3. – Eu diria que é a harmonia. A nossa harmonia com Deus, conosco – no íntimo da consciência – e com os outros. É algo de muito grande. A harmonia com Deus alcança-se com o amor e com o arrependimento. Os corações simples e bons vivem fazendo

as coisas certas por amor a Deus, e pedindo perdão pelas erradas também por amor a Deus. Cada confissão sincera, para eles, é um banho de paz, da paz que só Cristo pode dar.

TODOS. – Que Jesus nos conceda a paz da alma neste Natal, sobretudo a paz que nos invade após ter recebido o perdão dos nossos pecados!

LEITOR 1. – Todas as vezes que olhamos para Deus e para nós com sinceridade, sem nos enganarmos, sem desculpas esfarrapadas para encobrir as nossas misérias, todas as vezes que falamos como o filho pródigo – Eu me levantarei, irei a meu pai e direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti –, todas as vezes que fazemos este ato sincero de contrição, a paz nos invade. Paz com Deus e conosco.

LEITOR 2. – Eu me atreveria a afirmar que um coração sincero e bom, que ama a Deus, tem três princípios, que são regras de ouro e caminhos de paz: Primeiro: Colocar o amor acima do prazer. O prazer egoísta mata o amor, é um veneno tão forte como o orgulho. Ai da mulher, ai do homem, que abandona o sacrifício que lhe pede o amor dos outros, por uma razão tristemente egoísta: porque não lhe dá satisfação, e só pensa em gozar a vida e sentir-se bem... Segundo: Pôr a verdade acima do gosto. Isso exige também sermos muito sinceros. Muitas vezes, na vida moral, achamos que é certo o que gostamos de fazer, e nem sempre temos a coragem de perguntar a Deus a verdade, ou seja, o que é certo aos olhos de Deus. Terceiro: Colocar Deus e os outros acima do nosso “eu”... Primeiro Deus, depois o bem dos outros, depois “eu”... Os que seguem a ordem inversa procuram-se a si mesmos

sem parar, e caem num círculo vicioso, que poderíamos descrever assim: o seu “eu” vazio procura a plenitude que ainda não encontrou, mas – infelizmente – procura-a voltando-se para si mesmo, andando em círculo, como a cobra que morde o rabo; e como em si mesmo só tem vazio, passa a vida correndo atrás do vazio...

LEITOR 3. – Não é isso o que dizia Santo Agostinho? Fizeste-nos, Senhor, para Ti, e o nosso coração estará inquieto enquanto não descansar em Ti...

TODOS. – Jesus, fazei com que nos convençamos de que só nos encontramos a nós mesmos quando nos damos a Deus e aos outros. Ajudai-nos a colocar o amor acima do prazer, a verdade acima do gosto, Deus e os outros acima do nosso “eu”.

LEITOR 3. – Sim. Dar-nos a Deus e aos outros é o segredo da paz! Não há harmonia melhor com Deus e com o próximo do que a que nasce da doação, da renúncia e da entrega por amor.

LEITOR 2. – Lembremo-nos de que é isso o que Jesus não se cansava de dizer: Quem quiser guardar a sua vida, a perderá; e quem perder a sua vida, por amor, a encontrará.

LEITOR 1. – Vejam quantas coisas maravilhosas nos sugere a meditação do Presépio. Acho que hoje é natural que terminemos pedindo a Deus que nos ajude, com a sua graça, a descobrir a beleza da simplicidade – de que os pastores nos dão um exemplo

tão bonito – e a esforçar-nos por viver essa virtude. Maria e José, puros, bons e simples, sem dúvida vão-se inclinar para o Menino no Presépio e pedir-lhe que nos conceda esses dons.

TODOS. – Ó Deus, que iluminastes com a luz clara do vosso Natal os coraçõessimples e humildes dos pastores, concedei-nos que, tendo vislumbrado na terra este mistério, possamos gozar da sua plenitude no céu. Por Cristo, nosso Senhor.



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