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Laudato si': bispos japoneses renovam seu apelo para abolir a energia nuclear

14 JUL 2020
14 de Julho de 2020

O objetivo da tradução, explica a premissa da nova edição, é divulgar para a Igreja universal e o mundo a posição dos bispos japoneses sobre a questão nuclear, tema que a Igreja do único país do mundo que experimentou os efeitos das bombas atômicas durante a II Guerra Mundial sempre prestou uma atenção particular.

“Abolição da energia nuclear: um apelo da Igreja Católica no Japão” é o título do livro editado pela Conferência Episcopal Japonesa (Cbcj) no qual os bispos ilustram os motivos teológicos e éticos de sua oposição convicta ao uso da energia nuclear como fonte de energia.

Publicado pela primeira vez, em 2016, o livro está agora disponível on-line em inglês e pode ser baixado gratuitamente do site da Conferência Episcopal Japonesa. O objetivo da tradução, explica a premissa da nova edição, é divulgar para a Igreja universal e o mundo a posição dos bispos japoneses sobre a questão nuclear, tema que a Igreja do único país do mundo que experimentou os efeitos das bombas atômicas durante a II Guerra Mundial sempre prestou uma atenção particular.

Escrito em colaboração com estudiosos e especialistas em vários campos, o volume é dividido em três seções que apresentam uma análise detalhada dos limites tecnológicos do uso da energia nuclear e suas pesadas consequências ambientais e sociais, à luz do que aconteceu na usina nuclear de Fukushima em 2011, seguido por uma série de considerações éticas e teológicas baseadas no Magistério da Igreja e em particular na Encíclica Laudato si' do Papa Francisco.

Em novembro de 2011, oito meses após o acidente, explica a introdução do livro, a Conferência Episcopal Japonesa divulgou uma declaração pastoral que evidenciava os perigos das usinas nucleares e pedia seu fechamento, expressando uma posição mais clara do que a expressa dez anos antes na mensagem pastoral “O respeito reverencial pela vida”.

Nesse documento, publicado após o desastre de Chernobyl em 1986 e os dois graves acidentes ocorridos em 1997 e 1999 nas usinas de Tokaimura, os prelados, embora reconhecendo os benefícios da energia nuclear para a humanidade, destacaram os perigos imediatos e os problemas deixados para as novas gerações. Por este motivo, pediram a promoção de fontes de energias alternativas mais seguras, mas não chegaram ao ponto de pedir a abolição completa da energia nuclear no Japão.

O desastre de Fukushima, cujas dramáticas consequências ambientais e sociais perduram até hoje, levou os bispos japoneses a aprofundar a sua reflexão sobre o assunto com a ajuda de especialistas no setor. Um estímulo importante para esta reflexão veio do Laudato si'. “O livro da Igreja Católica japonesa sobre a abolição da energia nuclear é amplamente inspirado nas reflexões do Papa Francisco sobre a ecologia integral”, explica a introdução do volume.

À luz dos ensinamentos do Evangelho recordados na Encíclica, segundo os bispos japoneses, toda avaliação dos prós e contras da energia nuclear devem partir do princípio cristão do respeito pela vida e da dignidade de todos, inclusive das gerações futuras, e daquilo que, como parte da criação de Deus, a humanidade tem a responsabilidade de proteger o meio ambiente que partilha com o resto da Criação.

Fonte: Vaticano News publicado em 13.07.2020
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