Ecoando o amor além fronteiras

Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime) completa 70 anos de presença no Brasil

09 FEV 2016
09 de Fevereiro de 2016
 

Em um dia de dezembro de 1946, há setenta anos, três missionários italianos do Pontifício Instituto das Missões Exteriores (Pime), os padres Atílio Garré, vindo da China, Aristide Pirovano e José Maritano, da Itália, desembarcavam no porto de Santos. Os dois últimos se tornariam bispos de Macapá e fundadores das missões na Amazônia. Iniciava assim a epopeia de um Instituto missionário que lançava na Terra da Santa Cruz a semente da evangelização ad gentes.

Por Pedro Facci -  Missionário do Pime em Manaus (AM)

 

Impossível elencar os frutos que nasceram daquele plantio que se tornou, logo, uma árvore fecunda, espalhando seus ramos Brasil afora: São Paulo, Paraná, Amazonas, Amapá, Rio de Janeiro, Pará, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Sergipe; criando comunidades, paróquias, dioceses, como Parintins e Macapá, suscitando e formando vocações diocesanas locais, e, mais tarde, também vocações missionárias além-fronteiras, e entregando suas belas comunidades ao clero local na mais autêntica tradição carismática do Instituto.

Ao longo de 70 anos, toda a Comunidade Pime presente no Brasil se encontrou em Brasília (DF), entre os dias 25 e 29 de janeiro, para celebrar, agradecer, avaliar, discernir e projetar seu futuro. Muitas coisas mudaram nestas décadas, mas o entusiasmo missionário continua o mesmo, sinal da autenticidade e atualidade do carisma. É só observar a assembleia para constatar esta mudança.

Nos primeiros tempos, o grupo dos missionários do Pime era predominantemente italiano. Hoje, um quarto da assembleia provém do Brasil, de países da América, Ásia e África. E estes são os missionários mais jovens. Isso representa uma mudança "epocal” que não é só cultural ou geográfico, mas também eclesial.

De fato, se há anos atrás a presença do Pime no Brasil era marcada pela plantatio ecclesiae, isto é, pela finalidade de fundar a Igreja e suas estruturas onde ela não estava presente, hoje podemos falar de uma animatio missionis ecclesiae, isto é, a animação missionária da Igreja local.

Foi essa a tônica do encontro, que já mostrou o novo rosto do Instituto, inclusive com novos membros brasileiros trabalhando além-fronteiras, anunciando a Boa-Nova do conforme o mandato do Senhor: ‘ide pelo mundo inteiro...’ entre todos os povos.

O testemunho de dom Pedro Zilli, bispo do Pime em Bafatá, na Guiné Bissau, África mostrou como muitas leigas e leigos brasileiros também chegam à sua missão para partilhar o Evangelho. Nesse sentido, é muito interessante a colaboração do Conselho Missionário Regional (Comire) Sul 2 da CNBB, estado do Paraná, com essa missão na Guiné Bissau, enviando padres e leigos, além de 20 mil bíblias.

É esse um dos sinais proféticos que faz da Igreja uma comunhão itinerante, como sublinhou o cardeal, dom Cláudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia e da Rede Pan-amazônica (REPAM), ao abrir a assembleia indicando algumas linhas orientadoras para o futuro.

Quais os resultados deste encontro?

Uma renovada escolha preferencial pelos pobres, enfatizando mais a missão na Amazônia, chamada pelo cardeal Hummes de "periferia das periferias”, os povos indígenas, os marginalizados como presos, migrantes, vítimas do tráfico humano, explorados, sem-terra, sem-teto, vítimas das drogas...

A assembleia se interrogou também sobre como evangelizar nas grandes cidades, nos centros urbanos, numa cultura cada vez mais secularizada e aparentemente relutante à Boa-Nova. Nasceu assim um projeto chamado "humanismo integral” que pretende entrar nas escolas e universidades para anunciar, mesmo em roupagem leiga, a centralidade de Cristo, que é capaz de dar um sentido mais profundo e humano à vida.

Foram escolhidas quatro áreas de trabalho missionário: São Paulo-Paraná, Manaus-Parintins, Macapá-Belém e Nordeste. A assembleia decidiu ainda unificar os três regionais existentes numa única Região Pime Brasil. Uma escolha corajosa em sintonia com os sinais dos tempos que exigem maior concentração de força e objetivos claros de ação.

A presença do diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Camilo Pauletti, deu também ao encontro uma nota de maior inserção na Igreja local.

O Pime quer se colocar a serviço da Igreja do Brasil, sujeito de missão, para que o carisma missionário ad gentes passe aos poucos a fazer parte da Igreja local e assuma, cada vez mais, com coragem e ousadia, aquela conversão missionária à qual o papa Francisco continuamente nos provoca.

O Pime, por meio da Editora Mundo e Missão publica livros na dimensão missionária, a revista "Mundo e Missão" e os jornais "Missão Jovem" e O Transcendente.

"O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra... e ela vai germinando e crescendo" (Mc 4, 26)


* É missionário do Pime em Manaus (AM)


Fonte: Site Adital

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