1º Domingo da quaresma(C)
Textos: Dt 26,4-10; Rm 10,8-13; Lc 4,1-13 - 14 de fevereiro de 2016
Todos nós sabemos que a quaresma é tempo de reflexão interior, tempo de arrepender-se dos pecados,
é tempo de preparar-se para fazer a experiência de profunda alegria da Páscoa. Até à Celebração da
Alegria Pascal, que será dia vinte e sete de março, vamos refletir sobre os problemas de nosso coração.
Hoje, nós ouvimos na primeira leitura a profissão de fé no tempo de Moisés e na segunda leitura a
profissão de fé no tempo Paulo. A primeira leitura é uma parte das recomendações de Moisés ao povo
de Israel. Moisés dá essas recomendações ao mesmo povo que ele orientou no deserto. “...
O Senhor nos tirou do Egito e conduziu-nos a este lugar e nos deu esta terra, onde corre leite e mel.
Por isso, agora trago os primeiros frutos da terra que tu me deste, Senhor. Depois de colocados
os frutos diante do Senhor teu Deus, tu te inclinarás em adoração diante dele”.
Não foi Moisés quem guiou o povo de Israel no deserto, mas foi o Senhor. E quando chegou
a terra prometida, Moisés ordenou cumprir o ensinamento do Senhor e ofertar os primeiros
frutos para agradecer ao Senhor.
Na segunda leitura, Paulo escreveu aos cristãos de Roma o seguinte. “Se, pois, com tua boca
confessares Jesus como Senhor e, no teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos,
serás salvo. E crendo no coração que se alcança a justiça e é confessando a fé com a boca
que se consegue a salvação.” Crer e falar as palavras de Deus é a salvação.
Nós apreciamos e acreditamos na palavra de Deus, mas na vida diária, acabamos separando
nossa vida da fé. Jesus também experimentou esta tentação, e é o que foi lido no evangelho
de hoje. Vamos pensar como Jesus se protegeu contra a tentação, pelas referências do livro
de Henri Nouwem.
- A primeira tentação é mostrar nossos talentos, nossas habilidades. O diabo manda que Jesus
transforme a pedra em pão porque Jesus estava com fome. Nossa sociedade valoriza a eficiência.
Então, nós pensamos que a pessoa que dá conta do trabalho bem tem muitas bênçãos de Deus
e a pessoa que é lenta no trabalho tem poucas bênçãos de Deus. Deste modo a palavra de Deus
fica esquecida. Nós preferimos ganhar dos outros, ficar por cima dos outros, do que ajudar
mutuamente, e pela falta de espírito o nosso coração fica doente. E Jesus disse: “Nem só de
pão vive o homem”. Se não alimentarmos o nosso coração pela palavra de Deus, nós perdemos
no caminho da solidão e da desesperança.
- A segunda tentação é a tentação do Poder. Mesmo que nós ajudemos às pessoas mais pobres
como Madre Teresa, a sociedade não muda. Então pensamos que precisamos ter Poder
e assim fica mais fácil mudar a sociedade. Isto é também uma grande tentação. Depois da
multiplicação dos pães, o povo queria que Jesus fosse o rei dos judeus, mas Jesus fugiu.
Por quê? Porque o poder não pode mudar o nosso coração. E Jesus respondeu: “Adorarás
o Senhor teu Deus e só a ele servirás”. O poder do mundo não muda o mundo, mas só
o poder de Deus pode mudar.
- A terceira tentação, é fazer milagres para ser prestigiado, ter a atenção das pessoas
e ser aplaudido e louvado. Nós temos a tentação de se destacar, parecer na vista das
pessoas e queremos reconhecimento pelo que fazemos. Nós ficamos satisfeitos quando
somos elogiados, mas Jesus não fez milagres diante do governador Pilatos e nem diante
do rei Herodes. Jesus não veio a nossa terra para mostrar que era o filho de Deus.
Sua missão foi anunciar boa notícia. E Jesus disse: “Não tentarás o Senhor teu Deus”.
Nossos talentos não são para mostrar minha pessoa, mas para realizar a vontade de Deus.
É importante conscientizarmos que cuidamos e ajudamos, mas nós somos as mesmas
pessoas pecadores que também ferimos facilmente as pessoas. Nossa fraqueza
é para nos permitir também a solidariedade com as pessoas.
A tentação de diabo é o pecado de negar nossa fragilidade e mostrar muito forte.
Vamos também nós, fazer nossa profissão de fé e seguir a Jesus que venceu o diabo
pelas palavras de Deus.
Amém.
Pe. João Evangelista Megumi Fujita – Paróquia de Otawara- Tochigi-ken